Dilma Presidenta - Em nome da verdade

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sábado, 18 de dezembro de 2010

OTAN se expande para tirar protagonismo dos emergentes

O maior parasita
The Globalization of Militarism
por ISMAEL HOSSEIN-ZADEH (*), no Counterpunch

De todos os inimigos da liberdade pública a guerra é talvez a que mais deva ser temida porque engloba e desenvolve os germes de todos os outros (James Madison)

O maior praticante da violência no mundo de hoje — meu próprio governo (Martin Luther King Jr.)

Muitos norte-americanos ainda acreditam que a política externa dos Estados Unidos é desenhada para manter a paz, garantir os direitos humanos e espalhar a democracia no mundo. Seja qual for a definição de seus objetivos, no entanto, essas políticas geralmente levam a resultados opostos: guerra, militarismo e ditadura. As evidências de que as autoridades dos Estados Unidos não sustentam mais os ideais que defendem publicamente é farta.
Aqueles que continuam a ter ilusões sobre as políticas dos Estados Unidos em todo o mundo desprezam o fato de que os Estados Unidos foram tomados por interesses do complexo industrial-militar-de segurança-financeiro cujos representantes estão firmemente estabelecidos tanto na Casa Branca quanto no Congresso. O objetivo final deste grupo, de acordo com seus próprios guias militares, é “domínio de espectro completo” do mundo; e eles estão dispostos a fazer tantas guerras quanto necessário e destruir tantos países quanto necessário e matar tantas pessoas quanto necessário para atingir o objetivo.
As “águias liberais” e os intelectuais que tendem a defender a política externa dos Estados Unidos com base em “direitos humanos” ou “obrigação moral” deveriam prestar atenção (entre outras provas) nos documentos que tem sido vazados pelo WikiLeaks. Os documentos “mostram bem claramente”, como Paul Craig Roberts colocou, que “o governo dos Estados Unidos é uma entidade de duas caras cuja razão principal é o controle de todos os países”. Na essência os documentos mostram que enquanto o governo dos Estados Unidos, como um chefão global da máfia, recompensa as elites locais de estados clientes com armas, ajuda financeira e proteção militar, pune nações cujos líderes se negam a se render às vontades do valentão, cedendo a soberania nacional. As políticas externas dos Estados Unidos, assim como as domésticas, se revelam não como subordinadas ao público ou ao interesse nacional do povo, mas a poderosos interesses especiais representados pelo capital militar e pelo capital financeiro.
Os arquitetos da política externa dos Estados Unidos são claramente incapazes de reconhecer ou admitir o fato de que povos diferentes e nações diferentes podem ter necessidades e interesses diferentes. Nem são capazes de respeitar as aspirações de soberania nacional de outros povos. Em vez disso, eles tendem a ver outros povos, assim como veem o povo norte-americano, através do prisma de seus interesses estreitos e nefastos. Ao dividir o mundo entre “amigos” e “inimigos”, ou “estados vassalos”, como Zbigniew Brzezinski colocou, os poderosos beneficiários da guerra e do militarismo empurram os dois grupos a embarcar no caminho da militarização, o que leva inevitavelmente a governos militaristas e autoritários.
Embora o militarismo nasça dos militares, os dois são diferentes em caráter. Enquanto os militares são um meio para atingir certos fins, como manter a segurança nacional, o militarismo representa um establishment militar permanente como um fim em si. É um “fenômeno”, como Chalmers Johnson definia, “através do qual os serviços armados de uma nação passam a colocar sua preservação institucional adiante da segurança nacional ou mesmo de um compromisso com a integridade da estrutura governamental da qual fazem parte”. (The Sorrows of Empire, Metropolitan Books, 2004, pp. 423-24).
Isso explica o crescimento canceroso e de natureza parasita do militarismo nos Estados Unidos — canceroso porque está constantemente se expandindo em muitas partes do mundo, parasita porque não apenas suga os recursos de outras nações, também suga os recursos nacionais do Tesouro em defesa dos interesses do complexo industrial-militar-de segurança.
Ao criar medo e instabilidade, embarcando em aventuras militares unilaterais, o militarismo corporativo dos Estados Unidos promove o militarismo em outros lugares. Uma importante estratégia de expansão imperial dos Estados Unidos consiste em promover o militarismo em todo o mundo através da formação de alianças militares internacionais em várias partes do mundo. Elas incluem não apenas a notória OTAN, que é essencialmente uma parte integral da estrutura de comando do Pentágono e que recentemente se expandiu como a polícia do mundo, mas também outros dez comandos militares conjuntos chamados Comandos Unificados Combatentes. Eles incluem o Comando da África (AFRICOM), Comando Central (CENTCOM), Comando Europeu (EUCOM), Comando do Norte (NORTHCOM), Comando Pacífico (PACOM) e Comando Sul (SOUTHCOM).
A área geográfica sob “proteção” de cada um destes Comandos Unificados Combatentes é chamada Área de Responsabilidade (AOR). A área de responsabilidade do AFRICOM inclui “operações militares e relações militares com as 53 nações africanas — uma área de responsabilidade que cobre toda a África com exceção do Egito”. A área de responsabilidade do CENTCOM cobre muitos paises do Oriente Médio, Oriente Próximo, Golfo Pérsico e Ásia Central. Inclui o Iraque, Afeganistão, Paquistão, Kuwait, Bahrain, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Omã, Jordânia, Arábia Saudita, Casaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão.
A área de responsabilidade do EUCOM “cobre 51 países e territórios, inclusive a Europa, Islândia, Groenlândia e Israel”. A área de responsabilidade do NORTHCOM “inclui o ar, terra e mar nas proximidades e nos Estados Unidos, Alasca, Canadá, México e as águas situadas num raio de 500 milhas náuticas (930 quilômetros). Também inclui o Golfo do México, os estreitos da Flórida e porções do Caribe que incluem as Bahamas, Porto Rico e as ilhas Virgens”.
A área de responsabilidade do PACOM “cobre mais de 50% da superfície do mundo — aproximadamente 105 milhões de milhas quadradas (cerca de 272 milhões de km quadrados) — quase 60% da população do mundo, trinta e seis países, vinte territórios e dez territórios e possessões dos Estados Unidos”. A área de responsabilidade do SOUTHCOM “cobre 32 nações (19 na América Central e na América do Sul e 13 no Caribe)… e 14 territórios europeus e norte-americanos… É responsável por planos de contingência e operações nas Américas do Sul e Central e no Caribe (exceto nos territórios, possessões e estados-associados dos Estados Unidos), Cuba e suas águas territoriais”.
Junto com 800 bases militares espalhadas por várias partes do mundo, este colosso militar representa a presença ameaçadora das forças armadas dos Estados Unidos no planeta.
Ao invés de desmantelar a OTAN como um objeto redundante da era da Guerra Fria, ela foi expandida (como representante militar dos Estados Unidos) para incluir muitos outros países da Europa oriental até a fronteira da Rússia. A OTAN não apenas se inseriu em novas relações internacionais e recrutou novos membros e parceiros, também se concedeu muitas tarefas e responsabilidades em arenas sociais, políticas, econômicas, de meio ambiente, transporte e comunicação no mundo.
As novas áreas de “responsabilidade” da OTAN, como refletidas no último Plano Estratégico, incluem “direitos humanos”; dificuldades de recursos e meio ambiente, incluindo riscos para a saúde, mudança climática, escassez de água e as necessidades energéticas crescentes…”; “meios importantes de comunicação, como a internet, e presquisa científica e tecnológica…”; “proliferação de mísseis balísticos, de armas nucleares e outras armas de destruição em massa”; “ameaças de extremismo, terrorismo e atividades ilegais transnacionais como o tráfico de armas, drogas e pessoas”; “comunicação vital, rotas de transporte e trânsito das quais dependem o comércio internacional, a segurança energética e a prosperidade”; a capacidade de “prevenir, detetar e defender (e se recuperar) de ataques cibernéticos; e a necessidade de “assegurar que a aliança estará na dianteira da avaliação do impacto de tecnologias emergentes”.
Questões globais significativas que agora fazem parte da missão expandida da OTAN se enquadram logicamente dentro do campo de instituições civis internacionais como as Nações Unidas. Por que então a plutocracia dos Estados Unidos, usando a OTAN, agora tenta suplantar as Nações Unidas e outras agencias internacionais? A razão é que devido à crescente influência de novos jogadores internacionais, como o Brasil, a África do Sul, a Turquia, o Irã e a Venezuela as Nações Unidas não são mais tão subservientes às ambições globais dos Estados Unidos como antes. Planejando o emprego da máquina militar imperial da OTAN em vez das instituições multilaterais como as Nações Unidas expõe, mais uma vez, a falsidade das alegações dos Estados Unidos de que pretendem espalhar a democracia no mundo.
Além disso, as expandidas “responsabilidades globais” da OTAN dariam à máquina imperial militar dos Estados Unidos novas desculpas para intervenção militar unilateral. Da mesma forma, tais aventuras militares também dariam ao complexo industrial-militar-de segurança dos Estados Unidos argumentos para a contínua expansão do orçamento do Pentágono.
A expansão da OTAN para incluir a maior parte da Europa oriental levou a Rússia, que cortou os gastos militares durante os anos 90, na esperança de que, depois da queda do muro de Berlim, os Estados Unidos fizessem o mesmo, a voltar a expandir os gastos militares. Em resposta à escalada de gastos militares dos Estados Unidos, que quase triplicaram nos últimos dez anos (de 295 bilhões de dólares sob George W. Bush, que chegou à Casa Branca em janeiro de 2001, para o número atual de quase um trilhão de dólares), a Rússia também aumentou drasticamente seus gastos militares no mesmo período (de cerca de 22 bilhões de dólares em 2000 para 61 bilhões de dólares hoje).
Da mesma forma, o cerco militar dos Estados Unidos à China (através de várias alianças e parcerias que vão do Paquistão ao Afeganistão, da Índia ao mar do Sul da China/Sudeste da Ásia, Taiwan, Coréia do Sul, Japão, Camboja, Malásia, Nova Zelândia e mais recentemente Vietnã) levou aquele país a fortalecer ainda mais suas capacidades militares.
Assim como as ambições militares e geopolíticas dos Estados Unidos levaram a Rússia e a China a reforçar suas capacidades militares, também levaram outros países como o Irã, a Venezuela e a Coréia do Norte a fortalecerem suas forças armadas e seu preparo militar.
O militarismo agressivo dos Estados Unidos não só força seus “adversários” a alocar uma parcela grande e desproporcional de recursos preciosos em gastos militares, mas também coage “aliados” a embarcar no caminho da militarização. Assim, países como o Japão e a Alemanha, cujas capacidades militares foram reduzidas para posturas puramente defensivas depois das atrocidades da Segunda Guerra Mundial, mais uma vez estão se remilitarizando sob o ímpeto do que estrategistas militares dos Estados Unidos chamam de “necessidade de dividir o encargo da segurança global”. Assim, enquanto a Alemanha e o Japão ainda operam sob “constituições da paz”, seus gastos militares em escala global agora estão em sexto e sétimo lugares (atrás de Estados Unidos, China, França, Reino Unido e Rússia).
A militarização do mundo promovida pelos Estados Unidos (tanto diretamente, através da expansão de seu aparato militar no mundo, como indiretamente, ao forçar tanto “amigos” como “inimigos” a se militarizar) tem um número de consequências ameaçadoras para a maioria da população do mundo.
De uma parte, é motivo para que uma grande fatia dos recursos do mundo, redundante e desproporcional, seja aplicada em guerra, militarismo e na produção dos meios de guerra e destruição. Obviamente, este uso ineficiente e em benefício de uma classe de recursos públicos causa acúmulo da dívida nacional, mas também representa riqueza para os que lucram com a guerra, ou seja, os beneficiários do capital militar e do capital financeiro.
De outra parte, para justificar a alocação distorcida da parte do leão dos recursos nacionais em gastos militares, os beneficiários dos dividendos da guerra tendem a criar medo, suspeita e hostilidade entre os povos e nações do mundo, assim plantando as sementes da guerra, dos conflitos internacionais e da instabilidade global.
Em terceiro lugar, da mesma forma que os poderosos beneficiários da guerra e do capital militar-de segurança tendem a promover a suspeita para criar medo e inventar inimigos, tanto em casa quanto fora, eles também solapam os valores democráticos e nutrem o governo autoritário. Quando os interesses militares-industriais-de segurança-financeiros acreditam que as normas democráticas de transparência prejudicam seus objetivos nefastos de enriquecimento, eles criam pretextos para o segredo, a “segurança”, o governo militar e o estado policial. Esconder o assalto ao tesouro público em nome da segurança nacional requer a restrição da informação, a obstrução da transparência e limites à democracia.
Por isso, sob a influência cleptocrática de poderosos interesses investidos nas indústrias militar-de segurança-financeira, o governo dos Estados Unidos se tornou uma ameaçadora força de desestabilização, obstrução, regressão e autoritarismo.

(*) Ismael Hossein-zadeh, autor de The Political Economy of U.S. Militarism (Palgrave-Macmillan 2007), é professor de economia da Drake University, Des Moines, Iowa.

PS do Viomundo: A militarização do combate ao tráfico de drogas, no Brasil, é um pequeno passo que faz vibrar a indústria da segurança. Os fornecedores de uniformes, de blindados, de cassetetes e escudos, de mace e gás pimenta, de câmeras de vigilância e algemas agradecem. Guerra permanente, eterna, contra qualquer inimigo. Para vender coturno, vender farda preta, vender veículos aéreos não tripulados, vender… vender… vender. Faça sua parte: bata palma para o BOPE!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Amigos do Presidente Lula: Os 71 traidores da Pátria que votaram contra o Pré-sal para os brasileiros

Por 204 votos a favor, 66 contra, 2 abstenções e 3 obstruções, os deputados aprovaram na noite desta quarta-feira (1º) o projeto do marco regulatório do pré-sal, que institui o modelo de partilha e cria o Fundo Social.

Os 71 traidores (66 contra + 2 abstenções + 3 obstrução) votaram contra o povo brasileiro ficar com uma parcela maior da riqueza, e entregá-las para os estrangeiros. Por isso o voto dele significa que foi um voto de lesa-pátria e de lesar o povo brasileiro.

Tucanos e DEMos são os partidos mais traidores do Brasil:

PSDB: 94% de traição (34 do contra e 2 a favor)
DEMOS: 92% de traição (22 do contra e 2 a favor)
PR: 33% de traição (7 do contra e 14 a favor)
PPS: 25% de traição (1 do contra e 3 a favor)
PV: 13% de traição (1 do contra * Gabeira, e 7 a favor)
PDT: 13% de traição (2 do contra e 13 a favor)
PSB: 11% de traição (2 do contra e 16 a favor)
PMDB: 3% de traição (1 do contra * Raul Henry,  e 37 a favor)

PTC: só um deputado presente (Paes de Lira/SP) e fez obstrução.

PCdoB, PHS, PMN, PP, PRB, PSC, PSOL, PT, PTB só tiveram votos a favor, nenhuma traição.

O levantamento não levou em conta os deputados faltosos, computando apenas os que compareceram à sessão.

Relação dos deputados traíras:

AMAPÁ:

Lucenira Pimentel /PR/AP

BAHIA:

Fábio Souto /DEM/BA
Jorge Khoury /DEM/BA
José Carlos Aleluia /DEM/BA
João Almeida /PSDB/BA
Jutahy Junior /PSDB/BA

CEARÁ:

Raimundo Gomes de Matos /PSDB/CE

DISTRITO FEDERAL:

Jofran Frejat /PR/DF

ESPÍRITO SANTO:

Luiz Paulo Vellozo Lucas /PSDB/ES
Capitão Assumção /PSB/ES (Obstrução)

GOIÁS:

Sandro Mabel /PR/GO
João Campos /PSDB/GO
Leonardo Vilela /PSDB/GO
Professora Raquel Teixeira /PSDB/GO

MARANHÃO:

Davi Alves Silva Júnior /PR/MA
Pinto Itamaraty /PSDB/MA

MINAS GERAIS:

Marcos Montes /DEM/MG
Vitor Penido /DEM/MG
Ademir Camilo /PDT/MG
Júlio Delgado /PSB/MG
Eduardo Barbosa /PSDB/MG
Paulo Abi-Ackel /PSDB/MG
Rafael Guerra /PSDB/MG
Rodrigo de Castro /PSDB/MG

MATO GROSSO:

Wellington Fagundes /PR/MT
Thelma de Oliveira /PSDB/MT

PARÁ:

Lira Maia /DEM/PA
Lúcio Vale /PR/PA
Nilson Pinto /PSDB/PA
Zenaldo Coutinho /PSDB/PA

PARAÍBA:

Rômulo Gouveia /PSDB/PB
Major Fábio /DEM/PB (Obstrução)

PERNAMBUCO:

Raul Henry /PMDB/PE
Bruno Araújo /PSDB/PE
Bruno Rodrigues /PSDB/PE

PIAUÍ:

José Maia Filho /DEM/PI
Júlio Cesar /DEM/PI

PARANÁ:

Alceni Guerra /DEM/PR
Cassio Taniguchi /DEM/PR
Eduardo Sciarra /DEM/PR
Luiz Carlos Setim /DEM/PR
Alfredo Kaefer /PSDB/PR
Gustavo Fruet /PSDB/PR
Luiz Carlos Hauly /PSDB/PR

RIO DE JANEIRO:

Rodrigo Maia /DEM/RJ
Rogerio Lisboa /DEM/RJ
Andreia Zito /PSDB/RJ
Marcelo Itagiba /PSDB/RJ
Otavio Leite /PSDB/RJ
Fernando Gabeira /PV/RJ

RIO GRANDE DO NORTE:

Rogério Marinho /PSDB/RN

RORAIMA:

Francisco Rodrigues /DEM/RR
Sá /PR/RR

RIO GRANDE DO SUL:

Germano Bonow /DEM/RS
Cláudio Diaz /PSDB/RS

SANTA CATARINA:

Paulo Bornhausen /DEM/SC
Paulo Bauer /PSDB/SC

SERGIPE:

Albano Franco /PSDB/SE
Mendonça Prado /DEM/SE
Pedro Valadares /DEM/SE (Abstenção)

SÃO PAULO:

Walter Ihoshi /DEM/SP
William Woo /PPS/SP
Duarte Nogueira /PSDB/SP
Emanuel Fernandes /PSDB/SP
José C Stangarlini /PSDB/SP
Lobbe Neto /PSDB/SP
Silvio Torres /PSDB/SP
Vanderlei Macris /PSDB/SP
Fernando Chiarelli /PDT/SP (Abstenção)
Paes de Lira /PTC/SP (Obstrução)

TOCANTINS:

João Oliveira /DEM/TO

Para ver a votação completa (com os votos a favor), clique nos links:
- Votação por partido.
- Votação por estado.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A mídia e a agenda do novo governo

Por Gilberto Maringoni (*)

Ninguém quer tolher a livre circulação de informações e impor a censura. A não ser a grande mídia brasileira, que tenta a todo custo, sufocar e colocar uma mordaça esse saudável debate que não tem como ser interrompido.
Muito mais do que a candidatura José Serra e sua coalizão demotucana, a derrotada destas eleições foi a grande mídia. Ou o verdadeiro partido de oposição no Brasil. Não falamos aqui de intrincados conceitos gramscianos, mas das reflexões de Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ). Segundo ela, à falta de uma oposição estruturada no país, a imprensa deve cumprir tal papel. Não é à toa que sustentou José Serra desde o primeiro momento.

Pois a mídia brasileira, mesmo derrotada, não passa recibo. Já está de armas e bagagens empenhada no terceiro turno: a definição da agenda do governo Dilma.

Logo no domingo à noite, mal anunciados os resultados eleitorais, comentaristas revezavam-se diante de câmeras e microfones para alertar o país sobre a necessidade de um duro ajuste fiscal, de uma reforma da Previdência, de restrições a reajustes salariais e de redução da “gastança” governamental. Um saco de maldades estaria à caminho.

Iniciativa perdida

A imprensa brasileira tenta retomar a iniciativa política, perdida nos últimos anos. Apostou contra os interesses nacionais nos enfrentamentos que o Brasil teve na política externa, tentou desmoralizar o presidente da República e demonizar demandas populares. Ela está no seu direito. A novidade é que agora a mídia enfrenta não apenas uma disseminação infindável de pequenos concorrentes pela internet, mas uma repulsa nacional às diretrizes liberais e privatistas que apoiou em tempos recentes.

A imprensa é personagem das disputas políticas. Mais importante do que “fazer a cabeça das pessoas”, ela busca apontar os assuntos sobre os quais as pessoas devem pensar. Essa é a base da Teoria do Agendamento – ou “Agenda setting”, em bom português – formulada nos anos 1970 por dois pesquisadores norteamericanos, Maxwell Mc Combs e Donald Shaw. Funciona mais ou menos assim: uma hora é o mensalão, outra é o suposto caso do vazamento de dados, mais adiante são as polêmicas religiosas e por aí vai. São firulas do varejo político pré eleitoral. O que faziam anteriormente era estabelecer as normas do grande debate de rumos para o país.

O mecanismo funcionou bem até 2006. No primeiro mandato de Lula, com a inestimável colaboração de setores ultraliberais do governo, representados pelos ministros Antonio Palocci, Paulo Bernardo e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, a mídia e os setores por ela articulados impuseram uma grande pauta continuísta. Com a situação de desarranjo geral na economia, legado pelo governo FHC, os meios de comunicação viram suas diretrizes vencerem ao longo de quase todo o primeiro quadriênio petista, a ponto de o ajuste fiscal realizado em 2003 ter sido o mais duro desde 1990.

Após a crise política de 2005 e com uma evidente melhoria no quadro internacional, dois postos-chave da administração pública foram mudados, a Fazenda e a Casa Civil. Assumiram suas cadeiras Guido Mantega e Dilma Rousseff. Aos poucos saiu de cena a pauta liberal e tomou corpo uma orientação desenvolvimentista, cujo primeiro esboço foram os maciços investimentos estatais sintetizados na primeira versão do PAC. Uma nova agenda então se consolidou, a do desenvolvimento.

Quem dá o tom

Agendas políticas não são estipuladas apenas pelos governos, mas fazem parte da disputa pela hegemonia na sociedade. Impõe agenda quem tem força e iniciativa política.

Assim, a pauta do início dos anos 1980 não foi obra da ditadura, que vivia seus estertores. A orientação democrática tomou corpo de fora para dentro do governo, pelos partidos de oposição e pelos movimentos sociais, que exigiam o fim do regime de exceção. Da mesma forma, na segunda metade daquela década, a discussão central tinha como eixo norteador a questão do Estado.

Os embates oriundos da sociedade se cristalizaram na Assembleia Constituinte, em 1988, após acirradas contendas realizadas na fase terminal dos governos militares e no epílogo do longo ciclo desenvolvimentista, observado entre 1930 e 1980.

A partir de 1990, com as vitórias de Fernando Collor e de Fernando Henrique, a agenda foi imposta a partir de cima. Com um país traumatizado por quase uma década de inflação descontrolada, a estabilidade ganhou o centro do palco, tendo como decorrência uma redefinição do papel do Estado, via privatizações e financeirização da economia.

A história posterior é conhecida. O modelo liberal se esgotou em 2005.

O desenvolvimentismo destes últimos cinco anos foi marcado por uma forte característica social. Na maior parte da América do Sul se deu algo semelhante. A erradicação da pobreza ganhou relevância.

Nova década

Qual seria uma agenda viável para esta nova década, que fortaleceria a organização da sociedade e suplantaria os interesses das elites, vocalizadas pela mídia?

Há várias. Um ponto parece ter maioria na coalizão da presidenta Dilma Rousseff: o desenvolvimento continua. Mas há um fator que precisa também estar no centro dos debates: o papel das comunicações em nossa sociedade.

A pergunta é: há possibilidade de o Brasil construir um projeto nacional e democrático de desenvolvimento com uma indústria midiática antidemocrática, elitista, excludente e monopolizada, que tenta se legitimar como esfera pública e lócus essencial da definição de rumos para o país?

As entidades populares, os partidos democráticos e incontáveis ativistas sociais já têm um ponto de partida para entrarem nessa conversa. Trata-se das resoluções da I Conferência Nacional de Comunicação, realizada em dezembro de 2009. Um tento histórico! Algumas das bandeiras lá definidas começam a se tornar realidade. Assembleias Legislativas de vários estados começam a construir Conselhos Estaduais de Comunicação. O governo Lula deu início ao Plano Nacional de Banda Larga para fazer frente à falta de investimentos das empresas privadas do setor. O IPEA realizará, no final de novembro, em Brasília, a Conferência do Desenvolvimento, na qual o tema comunicação terá espaço destacado (ver em www.ipea.gov.br).

Ninguém quer tolher a livre circulação de informações e impor a censura. A não ser a grande mídia brasileira, que tenta a todo custo, sufocar e colocar uma mordaça esse saudável debate que não tem como ser interrompido.

(*) Gilberto Maringoni, jornalista e cartunista, é doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de “A Venezuela que se inventa – poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez” (Editora Fundação Perseu Abramo).

domingo, 7 de novembro de 2010

Civilização ou barbárie

Por Emir Sader

Esse é o lema predominante no capitalismo contemporâneo. Universalizado a partir da Europa ocidental, o capitalismo desqualificou a todas outras civilizações como ‘bárbaras”. A ponto que, como denuncia em um livro fundamental, Orientalismo, Edward Said, o Ocidente forjou uma noção de Oriente, que amalgama tudo o que não é Ocidente: mundo árabe, japonês, chinês, indiano, africano, etc. etc. Fizeram Ocidente sinônimo de civilização e Oriente, o resto, idêntico a barbárie.

No cinema, na literatura, nos discursos, civilização é identificada com a civilização da Europa ocidental – a que se acrescentou a dos EUA posteriormente. Brancos, cristãos, anglo-saxões, protestantes – sinônimo de civilizados. Foram o eixo da colonização da periferia, a quem queriam trazer sua “civilização”. Foram colonizadores e imperialistas.

Os EUA se encarregaram de globalizar a visão racista do mundo, através de Hollywood. Os filmes de far west contavam como gesto de civilização as campanhas de extermínio das populações nativas nos EUA, em que o cow boy era chamado de “mocinho” e, automaticamente, os indígenas eram “bandidos, gestos que tiveram em John Wayne o “americano indômito”, na realidade a expressão do massacre das populações originárias.

Os filmes de guerra foram sempre contra outras etnias: asiáticos, árabes, negros, latinos. O país que protagonizou o mais massacre do século passado – a Alemanha nazista -, com o holocausto de judeus, comunistas, ciganos, foi sempre poupada pelos nortemamericanos, porque são iguais a eles – brancos, anglo-saxões, capitalistas, protestantes. O único grande filme sobre o nazismo foi feito pelo britânico Charles Chaplin – O grande ditador -, que teve que sair dos EUA antes mesmo do filme estrear, pelo clima insuportável que criaram contra ele.

Os países que supostamente encarnavam a “civilização” se engalfinharam nas duas guerras mundiais do século XX, pela repartição das colônias – do mundo bárbaro – entre si, em selvagens guerras interimperialistas.

Essa ideologia foi importada pela direita paulista, aquela que se expressou no “A questão social é questão de polícia”, do Washington Luis – como o FHC, carioca importado pela elite paulista -, derrubada pelo Getúlio e que passou a representar o anti-getulismo na politica brasileira. Tentaram retomar o poder em 1932 – como bem caracterizou o Lula, nada de revolução, um golpe, uma tentativa de contrarrevolução -, perderam e foram sucessivamente derrotados nas eleições de 1945, 1950, 1955. Quando ganharam, foi apelando para uma figura caricata de moralista, Jânio, que não durou meses na presidência.

Aí apelaram aos militares, para implantar sua civilização ao resto do país, a ferro e fogo. Foi o governo por excelência dessa elite. Paz sem povo – como o Serra prometia no campo: paz sem o MST.

Veio a redemocratização e essa direita se travestiu de neoliberal, de apologista da civilização do mercado, aquela em que, quem tem dinheiro tem acesso a bens, quem não tem, fica excluído. O reino do direito contra os direitos para todos.

Essa elite paulista nunca digeriu Getúlio, os direitos dos trabalhadores e seus sindicatos, se considerava a locomotiva do país, que arrastava vagões preguiçosos – como era a ideologia de 1932. Os trabalhadores nordestinos, expulsados dos seus estados pelo domínio dos latifundiários e dos coronéis, foi para construir a riqueza de São Paulo. Humilhados e ofendidos, aqueles “cabeças chatas” foram os heróis do progresso da industrialização paulista. Mas foram sempre discriminados, ridicularizados, excluídos, marginalizados.

Essa “raça” inferior a que aludiu Jorge Bornhausen, são os pobres, os negros, os nordestinos, os indígenas, como na Europa “civilizada” são os trabalhadores imigrantes. Massa que quando fica subordinada a eles, é explorada brutalmente, tornava invisível socialmente.

Mas quando se revela, elege e reelege seus lideres, se liberta dos coronéis, conquista direitos, com o avança da democratização – ai são diabolizadas, espezinhadas, tornadas culpadas pela derrota das elites brancas. Como agora, quando a candidatura da elite supostamente civilizada apelou para as explorações mais obscurantistas, para tentar recuperar o governo, que o povo tomou das suas mãos e entregou para lideres populares.

É que eles são a barbárie. São os que chegaram a estas terras jorrando sangue mediante a exploração das nossas riquezas, a escravidão e o extermínio das populações indígenas. Civilizados são os que governam para todos, que buscam convencer as pessoas com argumentos e propostas, que garantem os direitos de todos, que praticam a democracia. São os que estão construindo uma democracia com alma social – que o Brasil nunca tinha tido nas mãos desses supostos defensores da civilização.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Tijolaço: Serra e o relógio da mentira

Essa ótima piada foi enviada pelo Dimas e é boa para a gente descontrair enquanto prossegue na batalha pela vitória no domingo.
Um cidadão morreu e foi para o céu. Enquanto estava em frente a São Pedro nos Portões Celestiais, viu uma enorme parede com relógios atrás dele.
Ele perguntou: – O que são todos aqueles relógios?
São Pedro respondeu: – São Relógios da Mentira. Todo mundo na Terra tem um Relógio da Mentira.
Cada vez que você mente, os ponteiros de seu relógio movem-se.
- Oh!! – exclamou o cidadão – De quem é aquele relógio ali?
- É o de Madre Teresa. Os ponteiros nunca se moveram, indicando que ela nunca mentiu.
- E aquele, é de quem?
- É o de Abraham Lincoln. Os ponteiros só se moveram duas vezes, indicando que ele só mentiu duas vezes em toda a sua vida.
- E o Relógio do Serra, também está aqui?
- Ah! O do Serra está na minha sala.
- Ué – espantou-se o cidadão, – por quê?
E São Pedro, rindo, respondeu:
- Estou usando como ventilador de teto.”

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Censura a blog que satirizava a Folha gera reação na web

Blogueiros começam o movimento “censura eu, Folha” contra medida que fechou o site Falha de São Paulo
 
A ideia dos irmãos Lino e Mario Bocchini era satirizar a cobertura que o jornal Folha de S.Paulo tem feito das eleições presidenciais. Acabou na Justiça. A criação do site “Falha de São Paulo”, com montagens de capas do jornal e outras sátiras, rendeu um processo movido pelos advogados da Folha.
“Fizemos, por exemplo, uma montagem de Otavinho Frias de Darth Vader”, diz Lino. “A Folha, o maior jornal do país, colocou um enorme escritório de advocacia para abrir um processo de mais de 80 páginas e censurar um pequeno blog”, continua o idealizador da paródia.
Sob a pena de multa diária de 1 mil reais caso o blog continuasse no ar, os donos resolveram encerrar as atividades. A reação de outros blogueiros célebres foi praticamente imediata. O Boteco Sujo, blog do jornalista Fausto Salvadori Filho, criou o movimento “Censura eu, Folha”. Já que o Falha de São Paulo foi proibido, a ideia é veicular as imagens que precisaram ser tiradas do ar em outros blogs. “A Folha vai ter muito trabalho se quiser censurar a internet”.
A propósito da censura, mais Lino Bocchini: “não somos uma empresa, não somos filiados a partido político, não temos ninguém “por trás”. Nem temos advogado ainda. Somos dois irmãos que acham o jornalismo que a Folha faz é partidarizado (e ruim). E gostaríamos de criticar isso com humor, mas fomos impedidos de forma violenta.”
Mostrando que a teoria de Salvadori Filho procede, Um outro endereço, o http://falhadespaulo.tumblr.com, reúne o conteúdo integral do Falha.

Mais informações acesse http://www.desculpeanossafalha.com.br

Uma carta ao Noblat

Deus me livre de que o tempo me corroa a humildade e me faça querer ser dono da verdade, destes que não ouvem com o coração e não escrevem com alma.
E que me permita um dia, quando os cabelos – se restarem – ficarem brancos, escrever como o aposentado Carlos Moura, da mineira Além Paraíba, faz hoje numa carta aberta ao jornalista Ricardo Noblat, respondendo a uma agressão insólita e desnecessária que fez, ontem, em seu blog, a Lula, dizendo que lhe falta, desde que decidiu eleger Dilma, “caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade”.
A carta de Moura foi publicada no Escrevinhador, de Rodrigo Vianna, e eu a reproduzo aqui:
Noblat
Quem é você para decidir pelo Brasil (e pela História) quem é grande ou quem deixa de ser? Quem lhe deu a procuração? O Globo? A Veja? O Estadão? A Folha?
Apresento-me: sou um brasileiro. Não sou do PT, nunca fui. Isso ajuda, porque do contrário você me desclassificaria,  jogando-me na lata de lixo como uma bolinha de papel. Sou de sua geração. Nossa diferença é que minha educação formal foi pífia, a sua acadêmica. Não pude sequer estudar num dos melhores colégios secundários que o Brasil tinha na época (o Colégio de Cataguases, MG, onde eu morava) porque era só para ricos. Nas cidades pequenas, no início dos sessenta, sequer existiam colégios públicos. Frequentar uma universidade, como a Católica de Pernambuco em que você se formou, nem utopia era, era um delírio.
Informo só para deixar claro que entre nós existe uma pedra no meio do caminho. Minha origem é tipicamente “brasileira”, da gente cabralina que nasceu falando empedrado. A sua não. Isto não nos torna piores ou melhores do que ninguém, só nos faz diferentes. A mesma diferença que tem Luis Inácio em relação ao patriciado de anel, abotoadura & mestrado. Patronato que tomou conta da loja desde a época imperial.
O que você e uma vasta geração de serviçais jornalísticos passaram oito anos sem sequer tentar entender é que Lula não pertence à ortodoxia política. Foi o mesmo erro que a esquerda cometeu quando ele apareceu como líder sindical. Vamos dizer que esta equipe furiosa, sustentada por quatro famílias que formam o oligopólio da informação no eixo Rio-S.Paulo – uma delas, a do Globo, controlando também a maior  rede de TV do país – não esteja movida pelo rancor. Coisa natural quando um feudo começa a  dividir com o resto da nação as malas repletas de cédulas alopradas que a União lhe entrega em forma de publicidade. Daí a ira natural, pois aqui em Minas se diz que homem só briga por duas coisas: barra de saia ou barra de ouro.
O que me espanta é que, movidos pela repulsa, tenham deixado de perceber que o brasileiro não é dançarino de valsa, é passista de samba. O patuá que vocês querem enfiar em Lula é o do negrinho do pastoreio, obrigado a abaixar a cabeça quando ameaçado pelo relho. O sotaque que vocês gostam é o nhém-nhém-nhém grã-fino de FHC, o da simulação, da dissimulação, da bata paramentada por láureas universitárias. Não importa se o conteúdo é grosseiro, inoportuno ou hipócrita  (“esqueçam o que eu escrevi”, “ tenho um pé na senzala” “o resultado foi um trabalho de Deus”). O que vale é a forma, o estilo envernizado.
As pessoas com quem converso não falam assim – falam como Lula. Elas também xingam quando são injustiçadas. Elas gritam quando não são ouvidas, esperneiam quando querem lhe tapar a boca.  A uma imprensa desacostumada ao direito de resposta e viciada em montar manchetes falsas   e armações ilimitadas (seu jornal chegou ao ponto de, há poucos dias, “manchetar”  a “queda” de Dilma nas pesquisas, quando ela saiu do primeiro turno com 47% e já entrou no segundo com 53 ) ficou impossível falar com candura. Ao operário no poder vocês exigem a “liturgia”  do cargo. Ao togado basta o cinismo.
Se houve erro nas falas de Lula isto não o faz menor, como você disse, imitando o Aécio. Gritos apaixonados durante uma disputa sórdida não diminuem a importância histórica de um governo que fez a maior revolução social de nossa História.  E ainda querem que, no final de mandato, o presidente aguente calado a campanha eleitoral mais baixa, desqualificada e mesquinha desde que Collor levou a ex-mulher de Lula à TV.
Sordidez que foi iniciada por um vendaval apócrifo de ultrajes contra Dilma na internet, seguida das subterrâneas ações de Índio da Costa junto a igrejas e da covarde declaração de Monica Serra sobre a “matança de criancinhas”, enfiando o manto de Herodes em Dilma. Esse cambapé de uma candidata a primeira dama – que teve o desplante de viajar ao seu país paramentada de beata de procissão, carregando uma réplica da padroeira só para explorar o drama dos mineiros chilenos no horário eleitoral – passou em branco nos editoriais. Ela é “acadêmica”.
A esta senhora e ao seu marido você deveria também exigir “caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade”.
Você não vai “decidir” que Lula ficou menor, não. A História não está sendo mais escrita só por essa súcia  de jornais e televisões à qual você pertence. Há centenas de pessoas que, de graça,  sem soldos de marinhos, mesquitas, frias ou civitas, estão mostrando ao país o outro lado,  a face oculta da lua. Se não houvesse a democracia da internet vocês continuariam ladrando sozinhos nas terras brasileiras, segurando nas rédeas o medo e o silêncio dos carneiros.
Carlos Torres Moura
Além Paraíba-MG

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Theotonio dos Santos: Carta aberta a Fernando Henrique Cardoso

O plano Real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999. Outro mito é que seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Um governo que elevou a dívida pública do Brasil de 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? O artigo é de Theotonio dos Santos. 

Theotonio dos Santos (*), na Carta Maior

Carta aberta a Fernando Henrique Cardoso

Meu caro Fernando,
Vejo-me na obrigação de responder a carta aberta que você dirigiu ao Lula, em nome de uma velha polêmica que você e o José Serra iniciaram em 1978 contra o Rui Mauro Marini, eu, André Gunder Frank e Vânia Bambirra, rompendo com um esforço teórico comum que iniciamos no Chile na segunda metade dos nos 1960. A discussão agora não é entre os cientistas sociais e sim a partir de uma experiência política que reflete contudo este debate teórico. Esta carta assinada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente de sua gestão. Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação. Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos, já no começo do seu governo, o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população. Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população. (Se os leitores têm interesse de conhecer o debate sobre estas bases teóricas lhe recomendo meu livro já esgotado: Teoria da Dependencia: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização Brasileira, Rio, 2000).
Contudo nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta.


O primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do fortalecimento do real e que o governo Lula estaria apoiado neste êxito alcançando assim resultados positivos que não quer compartilhar com você… Em primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o plano real que acabou com a inflação. Os dados mostram que até 1993 a economia mundial vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam inflações superiores a 10%. A partir de 1994, TODAS AS ECONOMIAS DO MUNDO APRESENTARAM UMA QUEDA DA INFLAÇÃO PARA MENOS DE 10%. Claro que em cada pais apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os autores desta queda. Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário.
No caso brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima dos 10% mais altos. TIVEMOS NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS INFLAÇÕES DO MUNDO. E aqui chegamos no outro mito incrível. Segundo você e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda forte. Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar e mantendo um valor falso até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos uns 40% e o seu ministro da economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando os capitais estrangeiros deveriam sair do país antes de sua desvalorização. O fato é que quando você flexibilizou o cambio o real se desvalorizou chegando até a 4,00 reais por dólar. E não venha por a culpa da “ameaça petista” pois esta desvalorização ocorreu muito antes da “ameaça Lula”. ORA, UMA MOEDA QUE SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA MOEDA FORTE? Em que manual de economia? Que economista respeitável sustenta esta tese?
Conclusões: O plano Real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999.


Segundo mito – Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade.
E não adianta atribuir este endividamento colossal aos chamados “esqueletos” das dívidas dos estados, como o fez seu ministro de economia burlando a boa fé daqueles que preferiam não enfrentar a triste realidade de seu governo. Um governo que chegou a pagar 50% ao ano de juros por seus títulos para, em seguida, depositar os investimentos vindos do exterior em moeda forte a juros nominais de 3 a 4%, não pode fugir do fato de que criou uma dívida colossal só para atrair capitais do exterior para cobrir os déficits comerciais colossais gerados por uma moeda sobrevalorizada que impedia a exportação, agravada ainda mais pelos juros absurdos que pagava para cobrir o déficit que gerava.
Este nível de irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre. Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou drasticamente neste pais da maior concentração de renda no mundo. Vergonha, Fernando. Muita vergonha. Baixa a cabeça e entenda porque nem seus companheiros de partido querem se identificar com o seu governo…te obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana.


Terceiro mito – Segundo você, o Brasil tinha dificuldade de pagar sua dívida externa por causa da ameaça de um caos econômico que se esperava do governo Lula. Fernando, não brinca com a compreensão das pessoas. Em 1999 o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido TODAS AS SUAS DIVISAS. Você teve que pedir ajuda ao seu amigo Clinton que colocou à sua disposição uns 20 bilhões de dólares do tesouro dos Estados Unidos e mais uns 25 BILHÕES DE DÓLARES DO FMI, Banco Mundial e BID. Tudo isto sem nenhuma garantia.
Esperava-se aumentar as exportações do pais para gerar divisas para pagar esta dívida. O fracasso do setor exportador brasileiro mesmo com a espetacular desvalorização do real não permitiu juntar nenhum recurso em dólar para pagar a dívida. Não tem nada a ver com a ameaça de Lula. A ameaça de Lula existiu exatamente em consequência deste fracasso colossal de sua política macroeconômica. Sua política externa submissa aos interesses norte-americanos, apesar de algumas declarações críticas, ligava nossas exportações a uma economia decadente e um mercado já ocupado. A recusa dos seus neoliberais de promover uma política industrial na qual o Estado apoiava e orientava nossas exportações. A loucura do endividamento interno colossal. A impossibilidade de realizar inversões públicas apesar dos enormes recursos obtidos com a venda de uns 100 bilhões de dólares de empresas brasileiras. Os juros mais altos do mundo que inviabilizavam e ainda inviabilizam a competitividade de qualquer empresa.
Enfim, UM FRACASSO ECONOMICO ROTUNDO que se traduzia nos mais altos índices de risco do mundo, mesmo tratando-se de avaliadoras amigas. Uma dívida sem dinheiro para pagar… Fernando, o Lula não era ameaça de caos. Você era o caos. E o povo brasileiro correu tranquilamente o risco de eleger um torneiro mecânico e um partido de agitadores, segundo a avaliação de vocês, do que continuar a aventura econômica que você e seu partido criaram para este país.
Gostaria de destacar a qualidade do seu governo em algum campo mas não posso fazê-lo nem no campo cultural para o qual foi chamado o nosso querido Francisco Weffort (neste então secretário geral do PT) e não criou um só museu, uma só campanha significativa. Que vergonha foi a comemoração dos 500 anos da “descoberta do Brasil”. E no plano educacional onde você não criou uma só universidade e entrou em choque com a maioria dos professores universitários sucateados em seus salários e em seu prestígio profissional. Não Fernando, não posso reconhecer nada que não pudesse ser feito por um medíocre presidente.
Lamento muito o destino do Serra. Se ele não ganhar esta eleição vai ficar sem mandato, mas esta é a política. Vocês vão ter que revisar profundamente esta tentativa de encerrar a Era Vargas com a qual se identifica tão fortemente nosso povo. E terão que pensar que o capitalismo dependente que São Paulo construiu não é o que o povo brasileiro quer. E por mais que vocês tenham alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido pelo nosso povo. Vocês vão ficar na nossa história com um episódio de reação contra o verdadeiro progresso que Dilma nos promete aprofundar. Ela nos disse que a luta contra a desigualdade é o verdadeiro fundamento de uma política progressista. E dessa política vocês estão fora.
Apesar de tudo isto, me dá pena colocar em choque tão radical uma velha amizade. Apesar deste caminho tão equivocado, eu ainda gosto de vocês ( e tenho a melhor recordação de Ruth) mas quero vocês longe do poder no Brasil. Como a grande maioria do povo brasileiro. Poderemos bater um papo inocente em algum congresso internacional se é que vocês algum dia voltarão a frequentar este mundo dos intelectuais afastados das lides do poder.
Com a melhor disposição possível mas com amor à verdade, me despeço

(*) Theotonio Dos Santos é Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense, Presidente da Cátedra da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre economia global e desenvolvimentos sustentável. Professor visitante nacional sênior da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sobre "mortes de criancinhas"... vamos aos números!

Denúncia gravíssima de reunião, ontem, de FHC com investidores estrangeiros interessados em privatizações

Recebi hoje este e-mail impressionante. Uma denúncia gravíssima, que já repercute na internet, e que merece ser apurada pela grande imprensa e deve ser sabida por todos os brasileiros, para tirarem dela suas próprias conclusões.
Trata-se do encontro-jantar que houve ontem, em Foz de Iguaçu, reunindo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, falando em inglês para 150 investidores estrangeiros no Hotel das Cataratas. Exatamente às 21h30m, enquanto os candidatos Dilma Rousseff e José Serra debatiam na RedeTV, e este se esquivava de dar respostas concretas sobre possíveis intenções tucanas de privatizar ainda mais o Brasil, pois bem, naquele exato momento, naquele evento fechado, FHC teria feito uma palestra sobre a privatização da Petrobras, de Itaipu e do Banco do Brasil, além de outras “oportunidades” de negócios no Brasil. Segundo o jornalista mineiro Laerte Braga, a idéia inicial dos organizadores de realizar o evento no Hotel Internacional foi afastada para evitar presença de jornalistas. Laerte, que acompanhou o evento do lado de fora, recebendo as informações em conta-gotas, afirma em seu texto que FHC assumiu com os empresários o compromisso de venda dessas empresas em nome de José Serra.
Vou transcrever o texto, que está claro, muito bem explicado e no tempo presente de verbo, pois ele postou a matéria enquanto o evento acontecia, suprimindo algumas partes:
"Cada um dos investidores recebeu uma pasta com dados sobre o Brasil, artigos de jornais nacionais e internacionais e descrição detalhada do que José FHC Serra vai vender se for eleito. E além disso os investidores estão sendo concitados a contribuir para a campanha de José FHC Serra, além de instados a pressionar seus parceiros brasileiros e a mídia privada a aumentar o tom da campanha contra Dilma Roussef. Segundo FHC disse a esses empresários logo após ser apresentado pelo organizador do evento, “se deixarmos passar a oportunidade agora jamais conseguiremos vender essas empresas”.
Para o ex-presidente, é fundamental a participação desses grupo na reta final de campanha. A avaliação de FHC é que a campanha de Dilma sofreu um golpe com a introdução do tema religioso (o que foi deliberado pelos tucanos para desviar a atenção das pessoas dos reais objetivos do candidato José FHC Serra). É preciso, na concepção do ex-presidente arrematar o processo derrotando a candidata e impedindo-a de respirar nessa reta final.
O acordo com empresários internacionais em Foz do Iguaçu envolve a instalação de uma base militar norte-americana na região, desejo antigo dos governos dos Estados Unidos.
Para o ex-presidente também não há grandes problemas com a mídia privada “sob nosso controle”, mas é preciso evitar a divulgação de notícias mesmo que sejam pequenas ou de pequenos fatos e que possam prejudicar o projeto de venda do Brasil (...)".
Laerte informa que o evento "foi organizado por Raphael Ekman - Investor Relations at Tarpon Investment Group São Paulo e região, Brasil - que no momento ocupa cargo de Commercial Manager da Globosat  (Setor Serviços financeiros)”.
O jornalista conseguiu apurar a participação, no evento, dos senhores Alice Handy, Keith Johnson e Anjum Hussain, CFA, CAIA...
O fato é realmente grave e pode ser visto como um ato contra a soberania brasileira e seria importante tanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como o candidato José Serra virem a público esclarecer essa denúncia, que foi postada ontem, em texto assinado por Laerte, e pode ser lida no http://redecastorphoto.blogspot.com/2010/10/fhc-esta-acertando-venda-do-brasil-em.html
Nascido em Juiz de Fora, Laerte Braga é jornalista, já tendo trabalhado no mais importante veículo de seu estado, o jornal Estado de Minas, e, no Rio de Janeiro, no Diário Mercantil.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A “normalização” de Serra, presidente

por Luiz Carlos Azenha

A campanha de segundo turno de José Serra tenta atropelar a pauta da candidata Dilma Rousseff, com uma dinâmica que pretende criar o “fato consumado”, provavelmente com o apoio de pesquisas eleitorais. Assim é que se criam as “ondas”, que se propagam dos mais para os menos informados (independentemente de classe social).

É o que eu chamaria de “normalização” da imagem de Serra como presidente. Esta tarde ele disparou uma lista de promessas estadualizadas e se associou a duas vitórias de Lula, a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Talvez tenha feito isso muito cedo, faltando duas semanas para a eleição, mas definitivamente ele tomou a iniciativa de se associar ao otimisto e à bonança.

Não entendo nada de pesquisas eleitorais, nem de marketing político, mas a campanha de Dilma tem me parecido repetitiva e mesmo as aparições de Lula são burocráticas, distantes, sem o calor da conversa de pé de ouvido.

De qualquer forma, vale ouvir outras avaliações, como esta que recebi por e-mail:

CARTA ABERTA A JOÃO SANTANA

Para se entender porque uma campanha política tão equivocada como a de José Serra está a poucos dias de sair vitoriosa é preciso entender um pouco a psicologia do voto do brasileiro. Em primeiro lugar, nenhuma série de realizações arroladas em comícios e televisão serve para seduzir o eleitor. Isso me parece óbvio. Elas, essas séries, apenas servem ao marketing, para que eles mostrem serviço, recebam seus honorários e movimentem a moenda da campanha. O que está em questão é o VOTO e o brasileiro não vota em CONJUNTO DE REALIZAÇÕES. O brasileiro vota com seu irremediável perfil conciliador, magnânimo, sua vocação para a paz.

Tem-se dito que o axioma de Duda Mendonça, de que quem ataca perde, é falso. Tanto não é falso, que toda a história sociológica e política brasileira pode confirmá-lo. O Itamaraty é mundialmente conhecido pelo tom apaziguador e negociador. O Brasil pacifica os ânimos latinoamericanos, segura o ímpeto belicista de vizinhos. Esta vocação pacificadora, não tem necessariamente a ver com a realidade da violência urbana. Trata-se de um imaginário poderoso, histórico, que move as tendências identitárias e, consequentemente, eleitorais.

Toda a movimentação da massa de votos nesta eleição se deu seguindo essa lógica pacificadora. É uma espécie de “lógica do recado”. O eleitor sempre passa um recado e ele, coletivamente, é mais lúcido do que qualquer análise. Assim foi em 2002, quando levou Lula à presidência. As razões: alternância de poder, esgotamento do discurso (tucano), insistência e recall do candidato da oposição, mensagem de esperança devidamente transmitida (ou alguém acha que em 2002 o eleitor votou num projeto?).

Sobre esgotamentos: um discurso se esgota, não porque ele está errado ou ultrapassado (isso fica com a história), mas se esgota porque, para ser tautológico, se esgota. Meses (anos) a fio enunciando redução de pobreza, de desigualdade, de resistência à crise… pode ser bonito, correto, moralmente admirável, mas como discurso, tais enunciados deixam de FAZER SENTIDO.

A subida de Dilma (cedo demais, diferentemente da de Anastasia), se deu em função do mito Lula, não de sua performance (de Dilma). O eleitor brasileiro é “mineiro”, desconfiado. Ele julga historicamente. A eleição de Serra começa a representar para este imaginário, paradoxalmente, a redenção de Lula. Uma vez eleito, Serra deverá abraçar Lula, deverá ser feita uma transição (que exige humildade, valor que o brasileiro preza). Os ânimos deverão ser desarmados. O PT deverá ser oposição de novo (ora, o leitor pode querer de volta uma oposição de verdade) e Lula exercerá uma influência fenomenal em Serra e na sucessão de 2014. Alguém acha que o brasileiro não pensa nisso, nem que de forma inconsciente? Este eleitor calcula que a eleição de Dilma pode implodir o PT e prejudicar esse expressivo canal popular entre a massa e o poder.

A frase de Serra, pouco percebida, de que se Dilma vencer, Lula estará fora do jogo político eleitoral, tem um peso enorme na fantasia do brasileiro que ama este personagem.

Nesse momento histórico, para frear essa movimentação veloz e massificada do eleitor brasileiro (em direção ao descarte da escolhida por Lula), não há muito o que fazer, em termos de convencimento. Essa luta é agônica. A assertividade de Dilma encanta a militância, mas afugenta o eleitor “pacifista”. O cerco se fecha e assistimos a mais medíocre campanha (com erros inacreditáveis e com um vice inacreditável) prestes a escalar a rampa presidencial.

Mas o eleitor é sábio (e soberano, por lei). Ele não quer mais saber do bolsa-família, do pré-sal, da erradicação da pobreza (não agora, em que tudo está nebuloso e onde há pressão e incerteza). Ele não quer assegurar esses direitos, mas observar o que um opositor um tanto insípido (Serra) pode fazer com eles. É quase um fetiche, quase um teste (que o eleitor tem todo o direito de realizar). Quer ver o que o PT na oposição novamente pode ser capaz de fazer para defender seus direitos.

O eleitor quer a mensagem de esperança, mais uma vez. Quer sonhar. Não se sonha com continuidade. Continuidade é vigília. Não se sonha com estatísticas, por mais humanizadas que elas sejam. Sonha-se com valores, com sentimentos, com lágrimas.

No futebol, há o clássico sentimento de torcer contra a seleção quando ela não corresponde a um outro poderoso imaginário nacional, o do futebol-arte. Queremos vê-la perder para que aprenda a ter humildade e para que ressurja na próxima copa renovada.

Esses sentimentos passaram ao largo da campanha de Dilma e a proeza de entregar a eleição a uma campanha absolutamente equivocada está próxima. Uma campanha precisa conseguir votos, não é um mostruário de realizações. O leitor “pacifista” quer ver os ânimos acalmarem, ele não gosta dessa disputa acalorada (quem gosta disso é intelectual). Diga-se, o eleitor, brasileiro, neste momento histórico, nessa conjuntura política, em plena colheita dos frutos de políticas recentes.

Não há, também, porque subestimar os votos de Marina. Não é um conjunto tão heterogêneo quanto dizem. O recado dela era claro: não gosta do plebiscito, não gosta da polarização, gosta dos melhores quadros de todo o espectro político. Não é um discurso esvaziado (pode ser, daqui a 3 anos). É difícil entender esse recado?

A massa eleitoral brasileira pede atenção, humildade e respeito. A medida em que ela se movimenta, as cabeças individuais e solitárias que escrevem a história vão se enquadrando: certamente, as urnas vão mostrar o caminho para o Brasil, porque o eleitor é SOBERANO.

Mas ainda há duas semanas de campanha. É tempo para esbanjar humildade e respeito à soberania do voto. E conquistá-lo.

Gustavo Conde

Desculpem amigos, vou votar no Serra. Sabem porque?


Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio. O alimento está barato demais. O salário dos pobres aumentou e qualquer um agora se mete a comprar carne, queijo, presunto, hambúrguer, iogurte, etc.

Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum, a gentalha toda vai para a noite. Cansei dessa tranqueiragem.

Nos aeroportos, no tempo do PSDB era uma tranquilidade. Pouca gente pra encher o saco. Pouca fila. Agora, um mundaréu de gente viajando, nao tem aviao que chega, uma gentalha da classe media viajando pro exterior, deslumbradas com a viagem, com o aviao, com as aeromoças. Argh ! Nao aguento isso.

Ai que saudades daquele sossego bom para nós, gente seleta... fina... nós os verdadeiros brasileiros.
Imagine esses babacas chegando na Europa, a imagem ruim que vão deixar por lá. Estamos preocupados com a imagem do Brasil no exterior. Transformaram os aeroportos brasileiros numa verdadeira RODOVIARIA !!!

Mas que merda !

Cansei de ir em Shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus celulares.

O governo reduziu os impostos para os computadores. A Internet virou coisa de qualquer um. Pode isso ? Até o filho da manicure,pedreiro, catador de papel, agora navegam...

Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de venda a juro baixo e longo prazo, todo mundo tem carro; até a minha empregada tem !!!

"É uma vergonha! ", como dizia o Boris Casoy.

Com o Serra os congestionamentos vão acabar, porque como em S.Paulo, vai instalar postos de pedágio nas estradas brasileiras a cada 35 km e cobrar caro. Isso coloca um freio nessa classe media
e nos pobres ainda mais.

Cansei da moda banalizada. Agora, qualquer um pode montar uma confecção. Tem até crédito oferecido pelo governo. O que era exclusivo da Oscar Freire, agora, se vende até no camelô da 25 de Março e no Braz.

Vergonha...
Vergonha...
Vergonha...

Cansei de ir em banco e ver aquela fila de idosos no Caixa Preferencial, todos trabalhando de office-boys.
Cansei dessa coisa de biodiesel, de agricultura familiar. O caseiro do meu sítio agora virou "empreendedor" no Nordeste. Pode?

Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família. Esse dinheiro poderia ser utilizado para abater a dívida dos empresários de comunicação (Globo,SBT,Band, RedeTV, CNT, Fôlha SP, Estadão, etc.). A coitada da "Veja" passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru no Amapá.

É o fim da picada.

Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses tipinhos, sem berço, na universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado.

É um desrespeito...

Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com essa raça.

Cansei dessa história de Luz para Todos. Os capiaus, agora, vão assistir TV até tarde. E, lógico, vão acordar ao meio-dia.

Quem vai cuidar da lavoura do Brasil?

Diga aí, seu Lula...

Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria (73% da população, hoje, tem casa própria, segundo pesquisas recentes do IBGE). E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles? Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar.

Agora, qualquer um tem MP3, celular e câmera digital. Qualquer umazinha, aqui do prédio, vai passar férias no Exterior.

É o fim...

Vou votar no Serra. Cansei, vou votar no Serra, porque quero de volta as emoções fortes do governo de FHC.

Chega dessa baboseria politicamente correta, dessa hipocrisia de cooperação.

O motor da vida é a disputa, o risco...

Quem pode, pode, quem não pode, se sacode.

Tenho culpa eu, se meu pai era mais esperto que os outros para ganhar dinheiro comprando ações de Estatais quase de graça?

Eles que vão trabalhar, vagabundos, porque no capitalismo vence quem tem mais competência. É o único jeito de organizar a sociedade, de mostrar quem é superior e quem é inferior.

Eu ia anular o voto, mas cansei.

Basta! Vou votar no Serra.

Quero ver essa gentalha no lugar que lhe é devido.

Quero minha felicidade de volta.

Os pobres e a classe média que se f......!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Classe média ou "que eles comam brioches!"

Vídeo de animação para a música "Classe média", do cantor brasileiro Max Gonzaga

Extrema-direita em ação: Boateiro tem nome - Os caminhos da calúnia

ESCLARECIMENTO IMPORTANTE:

O texto publicado abaixo mostra o caminho de um dos emails caluniosos contra Dilma Rousseff. O referido email, segundo pesquisa realizada pelo jornalista Tony Chastinet, teria partido de um site mantido pela extrema-direita – www.tribunanacional.com.br. Entre os responsáveis pelo registro do site, aparece Zoltan Nassif Korontai. O texto diz que Korontai seria também o responsável por um outro site chamado www.projetovendabrasil.com.br. E, de fato, quando se digita “projeto venda brasil + Korontai”, o Google traz a página, com a informação “página pessoal de Zoltan Nassif Korontai”.

No entanto, acabo de receber mensagem do senhor Evandro Kuhnen, que aponta imprecisão nessa afirmação. Segundo ele, o www.projetovendabrasil.com.br não tem qualquer ligação com Zoltan Korontai, nem com as campanhas difamatórias das últimas semanas:

Zoltan Nassif Korontai não é administrador do site, muito menos do projeto, quiçá tem participação na empresa que administra o mesmo. Ele na verdade é um dos muitos clientes e que pode ter utilizado o sistema de mala direta para encaminhar algum e-mail recebido com este teor. Sendo assim, o senhor também menciona Frederich Resende, responsável pelo desenvolvimento do site, o que não lhe implica nenhuma responsabilidade sobre as calunias.”

Por esse motivo, retiro nesse momento os parágrafos do texto que faziam referência ao site www.projetovendabrasil.com.br.

(Rodrigo Vianna)

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Não é difícil rastrear os caminhos da boataria que atingiu Dilma Rousseff, poucas semanas antes do primeiro turno. A campanha do PT parece não ter levado a sério a ameaça. E a boataria e as calúnias prosseguem.

O jornalista Tony Chastinet – colega com quem tive o prazer de dividir o prêmio Vladimir Herzog em 2007, e com quem produzi a série de reportagens sobre as centrais clandestinas de tortura durante a ditadura – fez um levantamento minucioso sobre a origem de um desses e-mails caluniosos. Não precisou de dinheiro, nem de ferramentas especiais. Usou basicamente o “Google”. Gastou alguns minutos e usou a experiência de quem já investigou dezenas e dezenas de picaretas em suas reportagens investigativas.

Tony Chastinet descobriu que o email partiu de gente ligada à extrema-direita. Gente com nome, sobrenome e endereço. Confiram…

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O CAMINHO DA CALÚNIA

por Tony Chastinet

Recebi ontem à noite um daqueles e-mails nojentos e anônimos, que estão circulando na internet, com calúnias contra a candidata Dilma Roussef. Decidi gastar alguns minutos para tentar identificar os autores. Consegui, e repasso abaixo as informações sobre os autores da baixaria – incluindo as fontes da pesquisa.

Há um e-mail circulando na internet com o seguinte título: “Candidatos de esquerda”. Na mensagem há uma série de calúnias contra Dilma, e o pedido para se votar no Serra. Também recomenda a leitura do site www.tribunanacional.com.br.

Entrei na página e de cara me deparei com aquela foto montada da Dilma ao lado de um fuzil. Uma verdadeira central de calúnias ligada à extrema direita. Vejam uma amostra neste link http://www.tribunanacional.com.br/v2/editorial/a-terrorista/.

O e-mail foi enviado para minha caixa postal na noite de domingo. O remetente é um tal de Ingo Schimidt (ingo@tribunanacional.com.br). O site está registrado na Fapesp em nome do “Círculo Memorial Octaviano Pinto Soares”.

Essa associação tem CNPJ (026.990.366/0001-49), está localizada na SCRN, 706-707, Bloco B, Sala 125, na Asa Norte, em Brasília. O responsável pelo site chama-se Nei Mohn. Em uma pesquisa superficial na internet, descobre-se que ele foi presidente da “Juventude Nazista” em 1968. Era informante do Cenimar e suspeito de atos de terrorismo na década de 80 (bombas em bancas de jornais e outros atentados feitos pela tigrada da comunidade de informações). Também foi investigado por falsificar o jornal da Igreja Católica, atacando religiosos que denunciavam torturas, assassinatos e desaparecimentos (vejam abaixo nas fontes).

Nunca foi investigado e sequer punido pelas barbaridades que aprontou. Para isso, contou com a proteção dos militares e da comunidade de informações para abafar os escândalos e investigações.

Prossegui na pesquisa e descobri que o filho de Nei, o advogado Bruno Degrazia Möhn trabalha para um grande escritório de advocacia de Brasília contratado por Daniel Dantas para representar o deputado federal Alberto Fraga (DEM) em ação no TCU movida pelo deputado para tentar impedir a compra de ações da BRT/OI pelos fundos de pensão.

Interessante essa ligação entre a extrema direita, nazistas e Daniel Dantas. Mas tem mais.

No registro do site ainda há outros dois nomes apontados como responsáveis pela página: Antonio Afonso Xavier de Serpa Pinto e Zoltan Nassif Korontai.

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Fontes:

– Tribuna Nacional – Dados do Registro.br

domínio: tribunanacional.com.br

entidade: Círculo Memorial Octaviano Pinto Soares

documento: 026.990.366/0001-49

responsável: Nei Möhn

2 – Nei Mohn

Matéria Veja de 1980 – http://www.arqanalagoa.ufscar.br/pdf/recortes/R06814.pdf

Matéria da Isto É de 1982 – http://www.arqanalagoa.ufscar.br/pdf/recortes/R03648.pdf

3 – Filho de Nei

Bruno Degrazia Möhn (OAB/DF 18.161)

Trabalha no escritório Menezes e Vieira Advogados Associados – http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia_articuladas.aspx?cod=11457 – artigo defesa ppp

Escritório contratado por Dantas no caso BRT – http://www.anapar.com.br/noticias.php?id=6602

domingo, 10 de outubro de 2010

Dilma, desmascare o Serra. O Serra não tem escrúpulos!

Publicado em 10/10/2010

A eleição não é para Madre Superiora

O programa do Serra no horário eleitoral deste sábado terminou com uma senhora paulistíssima, com jeitão de “amiga” da D. Ruth, a folhear um jornal e insinuar que a Dilma é responsável por tudo o que se atribui à Erenice.

A “amiga” da D. Ruth, portanto, substituiu a denúncia do aborto do programa da manhã.

Das duas, uma.

Ou as pesquisas de qualidade mostraram que o aborto era um tiro no pé.

Ou ele considera que o mal à Dilma já está feito.

Ele fixou a imagem de santarrão e, ela, de criminosa, cúmplice das aborteiras mais inescrupulosas.

O PiG (*) desta manhã de domingo – tanto a Folha (**) quanto o Estadão – anunciam que, nos debates, ele será o “Serrinha é do bem”.

Será o Serrinha santarrão, Tartufo, nas entradas ao vivo no horário eleitoral.

Mas, na hora de o trator passar por cima da cabeça da mãe, o Serra estará em off: virá no fim do horário eleitoral, colado ao programa da Dilma, ou, rotineiramente, o PiG (*) usará o trator por ele.

O PiG (*) se dedica, por ele mesmo, a desconstruir a Dilma.

E a Veja a procurar companheiras de cela da Dilma.

O Conversa Afiada diz isso porque recebeu a informação de que a Veja procurou uma companheira da Dilma de cela.

Só que ela mandou a Veja procurar a Dilma.

Na Veja que está nas bancas, vê-se que ela foi atrás de uma companheira da Dilma, a Tupamara.

Mas deu com os burros n’água, porque o desmentido à reportagem saiu antes de a Veja chegar às bancas.

Mas, a Veja ainda achará o torturador da Dilma, como a Folha (**) achou que o homem trabalhava para os órgãos de repressão e fazia a campana da Dilma.

É uma divisão de trabalho.

O PiG (*) faz o trabalho sujo e o Serra faz o trabalho limpo.

Essa estratégia é a de quem está numa situação de vida ou morte.

Serra dá as últimas braçadas de um afogado.

Ele fará QUALQUER COISA !

Ele não tem escrúpulos !

No dia 1º. de novembro ele vai ser líder de um partido minoritário, que definha a cada eleição: a UDN de São Paulo.

Ele tem que passar o trator agora.

E a Dilma tem que tirar as luvas.

Tem que responder aos ataques.

A campanha “economicista” já colou.

O Lula pendurou o FHC no pescoço do Serra.

Só que a guerra mudou de trincheira.

Foi para o aborto e a Erenice.

Para a destruição de caráter.

E o Serra, aí, é impune.

Ele pode fazer qualquer coisa, porque o PiG (*) lhe dá refugio, o protege.

Uma primeira providência da Dilma seria, por exemplo, afastar as vozes do Bom Senso, os Moderados e Bem-Pensantes.

O Palocci, por exemplo, que quer ganhar a eleição e continuar a escrever para o Globo.

Ganhar sem sujar as mãos.

O Cardozo, por exemplo.

Ele quer ganhar a eleição sem brigar com ninguém, ir para o Supremo com o apoio do PiG (*), e ser convidado para jantar com o Daniel Dantas.

Esse é o pessoal “bonzinho” da Dilma.

Que faz qualquer negócio para sair nas paginas amarelas da Veja, dar uma entrevista à urubóloga Miriam Leitão na GloboNews.

Tem que fazer como a Marilena Chauí: não falar mais com o PiG (*).

Não fosse o precedente do Golpe do Ali Kamel em 2006, seria até uma boa ideia não ir ao debate da Globo.

Clique aqui para ler “O primeiro Golpe já houve, falta o segundo”.

O único púlpito da Dilma é o horário eleitoral.

E, nele, a Dilma tem que desmascarar o Serra, como recomendam o Mino e o Mauricio Dias na Carta Capital que está nas bancas.

Sobre Valores, e Ética, por exemplo.

Basta pedir à Monica Bérgamo para contar a história do filho que o Fernando Henrique – que bom pai ! – levou quinze anos para reconhecer.

Sobre o aborto.

Ir ao site “Amigos do Presidente Lula” e mostrar que o Serra foi o único Ministro da Saúde que assinou portaria para realizar a aborto no âmbito do SUS.

Sobre “eu não mudo de idéia”, sou “coerente”.

Ir ao Conversa Afiada e exibir no horário eleitoral o vídeo em que ele diz ao Boris Casoy que cumprirá o mandato de prefeito e, se não cumprir, que ninguém nunca mais vote nele.

Pegar no Conversa Afiada o documento com o timbre da Folha (**) em que ele diz que vai cumprir o mandato de prefeito até o fim.

A Dilma quebrou o sigilo da filha do Serra, coitadinha.

É só mostrar a reportagem do Leandro Fortes na Carta Capital: a filha do Serra e a irmã do Dantas quebraram 30 milhões de sigilos, numa empresinha que elas tinham.

Por falar nisso, Dilma.

Sem que o Cardozo e o Palocci saibam, detona a filha do Serra e a irmã do Dantas.

Exiba o documento do Governo da Florida que registra a empresa delas em Miami (em Miami !, Dilma, onde se localiza a maior lavanderia do mundo, depois do Banestado).

Quem trouxe a família para a campanha foi ele.

A mulher dele, tão simpática, especialmente de óculos de moldura vermelha.

Foi ela quem disse na Baixada Fluminense que você matava criancinhas.

Sobre a “democracia” e a defesa intransigente da “liberdade de imprensa”, mostre como ele agride jornalistas, especialmente jornalistas mulheres.

Como o Serra agasalhou um terreno que a Globo invadia há onze anos e transformou numa escola técnica para formar quadros para a Globo.

(O Palocci vai ficar nervosíssimo se você fizer isso !)

Reproduza o diálogo dele com o Heródoto Barbero, no Roda Morta, da TV Cultura, sobre pedágio.

E conte que, por causa disso, o Heródoto foi devidamente defenestrado.

Mostre os documentos que a Namaria publicou sobre as assinaturas da Veja, da Folha (**) e do Estadão que ele comprou com o dinheiro do povo de São Paulo para distribuir às escolas.

Essa é a “imprensa livre” dele.

Serra vendeu o Brasil.

Contratar alguém com a voz grave do Celso Freitas e ler, um por um, o nome das empresas que ele vendeu com o FHC.

Ao lado, o logo da empresa.

Uma por uma.

E a frase do Delfim: eles venderam tudo e aumentaram a divida.

Qualquer dona de casa entende isso.

Sobre o “me formei” economista, que ele diz no programa dele.

Cadê o diploma dele, Dilma ?

Faça o que a Dra. Cureau não fez: exija o diploma dele.

No Brasil, ele não pode dizer à Justiça Eleitoral – mostre a foto – que é economista, porque ele não tem diploma válido em território nacional.

Ele mente, Dilma.

Mostre o decreto dos genéricos.

Foi o Ministro da Saúde Jamil Haddad quem assinou e, não ele, que se atribui o titulo de “melhor Ministro da Saúde”.

(Quem disse isso foi o amigão dele, o Ministro serrista Nelson Jobim, o da babá eletrônica para agradar o Gilmar Dantas (**).)

Melhor Ministro da Saúde, quem ?

Não foi na gestão dele que compraram ambulâncias super-faturadas ?

Cadê o Barjas Negri, Dilma ?

O Abel, coitado, morreu, mas o Negri poderia dar um depoimento sobre as ambulâncias …

Peça àquele mesmo locutor para ler os votos do Serra contra o trabalhador na Constituinte.

Só votou contra o trabalhador.

O Conversa Afiada já publicou isso e o Artur Henrique da CUT sabe onde achar.

Vá atrás do passado dele.

Que história é essa de aparecer numa foto ao lado do Jango ?

Ele fugiu, Dilma.

E diz em off: eu enfrentei os militares e a Dilma, cadê a Dilma ?

Diga que enquanto ele fugia você era torturada.

Dilma, como é que um presidente da UNE – que comia criancinhas – vai ao comício do grande comedor de criancinhas – o Jango -, foge para o Chile do comededor de criancinhas, o Salvador Allende, casa com uma Allende, e depois, aparece nos Estados Unidos para “dar aula” ?

Que história é essa ?

Pergunta ao Gabeira se ele pode entrar nos Estados Unidos.

Por que o Serra entrou e ficou lá numa nice ?

Vamos falar da Erenice, Dilma.

Fala do Engavetador Geral da Republica.

Do projeto Sivam.

Da pasta rosa.

Da compra da re-eleição.

Da privataria, como diz o Elio Gaspari.

Mostra aquele exemplar da Carta Capital que transcreve os diálogos do Fernando Henrique com o André Lara Resende: “vamos usar a bomba atômica”.

Do Mendonção com o Ricardo Sérgio de Oliveira: “isso vai dar m …”.

Aquele momento Péricles de Atenas do Governo FHC.

Mostra aquelas fotos do Serra com o martelo dos leilões da privatização, a beijar a Helena de Tróia.

Pede ao Nassif para resumir o livro dele “Cabeças de Planilha”.

Ele conta como o FHC fixou o Real na entrada do Plano, e beneficiou o André e os clientes dele.

(O André jamais processou o Nassif.)

Pede ao Malan para contar que o Serra boicotou o Plano Real e tentou derrubar o Malan.

Dilma, você já percebeu – está no Estadão de hoje, na página 2 – que o Malan defende o FHC, mas não apóia o Serra ?

Por que será, hein ?

Vamos falar do Ricardo Sergio, Dilma ?

Ele foi o chefe da campanha do FHC e do Serra.

Pergunta ao Benjamin Steinbruch quem é o Ricardo Sergio.

Pergunta à família do Antonio Ermírio de Moraes.

E o Preciado ?

Lembra do Preciado ?

Aquele da privatização do Banespa e da Ilha do Urubu, que o Emiliano José e o Leandro Fortes descreveram tão bem.

Quem entende muito de Preciado é o Fernando Rodrigues, da Folha (**).

É só mandar buscar as reportagens dele, quando o rabo da Folha (**) ainda não estava preso.

O Amaury Ribeiro preferiu esperar as eleições para lançar o livro dele.

Mas, o Conversa Afiada já divulgou o prefacio do livro do Amaury, o que provocou um “alopramento” generalizado na campanha do Serra.

Clique aqui para ler esse prefacio, que o Conversa Afiada re-publicou, a pedidos.

Ali há informações preciosas (sem trocadilho).

Dilma como é que um homem público, que passou a vida toda com salário de parlamentar, governador e “professor” comprou aquela casinha em que vive ?

A casa é dele, Dilma ?

Está no Imposto de Renda ? Por quanto ?

Se ele vier de “mensalão”, devolva com “mensalão tucano de Minas”, Eduardo Azeredo e o “valerioduto” cheio de dinheiro do Dantas (o Palocci e o Cardozo não podem ouvir falar nisso).

Dilma, você já ouviu falar no Flavio Bierrembach ?

O Flavio é um homem honrado.

Ele era candidato a deputado com o Serra e acusou o Serra de ladrão.

O Serra foi para cima dele.

Por azar, a ação caiu na mão do Juiz Walter Maierovitch.

Maierovitch chamou o Bierrembach às falas: que historia é essa de chamar alguém de ladrão, sem provas ?

O Bierrembach pediu “exceção da verdade” – ou seja, quero provar o que digo.

Maierovitch imediatamente deu ao Bierrembach o direito de provar o que dizia.

Dilma, sabe o que o Serra fez ?

Engavetou a ação.

Chama o Bierrembach para contar essa história.

Chama o Maierovitch – e só ligar para a Mara, secretária do Mino, na Carta Capital, que a Mara acha o Maierovitch rapidinho.

E põe uma claquete assim: “O Serra não deixou a Justiça provar que ele não é ladrão”.

Querer ganhar eleição do Serra com o IBGE não basta.

Ele faz e diz QUALQUER COISA !

Dilma, e o telefonema do Serra para o Gilmar Dantas (***) ?

Mostra aquela foto dele no auditório e o voto do Gilmar no dia seguinte.

Esses dois, Dilma, fazem qualquer coisa.

E trate de ganhar a eleição com bastante folga.

Porque essa urna eletrônica sem o papelzinho do Brizola é um convite à fraude.

E se for para o tapetão, o Marco Aurélio de Mello está lá e o Gilmar fica na reserva.

Um perigo !

Sobre o massacre do PiG (*) contra a Petrobrás, para impedir que você use a Petrobrás na campanha.

Dilma, você conhece a história do John Kerry ?

O John Kerry combateu no Vietnã e foi condecorado TRÊS VÊZES.

Ele tem a “Purple Heart”, a medalha de que os americanos mais se orgulham.

Ele dirigia missões de destreza e rapidez, nuns barquinhos, os Swifts, com poucos companheiros a bordo.

Uma espécie de SWAT.

Em diferentes ações, Kerry foi ferido, matou um vietcong que o tinha atacado e salvou a vida de subordinados.

Ele foi candidato à Presidência contra o Bush, na segunda vez.

Bush fazia nos debates o “Bushinho paz e amor”.

Bush era “do bem”.

Como “Serra é do bem”.

Mas, por trás, veio o trator – cheio de grana.

Criou-se um grupo auto-intitulado de “Veteranos dos Swift em Busca da Verdade”.

Eles produziram um documentário – com dinheiro de quem, Dilma ? – para demonstrar que Kerry não podia ser presidente.

Porque ele mentiu sobre o seu papel no Vietnã.

Que ele não merecia nenhuma daquelas medalhas.

Era um líder inepto.

E, no fundo, no fundo, um covarde.

Os “amigos do presidente Serra” compraram horário nas televisões do interior para exibir o documentário.

(Lá não tem horário eleitoral gratuito.)

Como Kerry tinha dito, ao sentar praça, que era contra a Guerra do Vietnã, ele foi estigmatizado pelos “Veteranos dos Swift”: um Traidor da Pátria, um Vendilhão da Pátria.

Veja bem, Dilma, TRÊS medalhas por bravura !

E passou a campanha sem poder invocar seu passado heróico.

O Serra é assim também: capaz de tudo.

O bye-bye Serra forever não se dará mais com a Economia.

Não basta pendurar o FHC no pescoço do Serra.

O Serra levou o jogo para o campo dele – a vala negra.

O da calhordice, como diz o Ciro, um especialista na alma do Serra.

Neste momento, essa história de não “baixar o nível” só funcionaria em eleição para Madre Superiora.

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.